Foto de uma favela, vencedora do Festival de Cannes.
Já é tudo tão comum que não tem mais graça.
Tornou-se hábito conviver com tanta violência, tanta violação, tanto abuso, tanta desordem, tanto "mendigo drogado". E acho que devemos começar a perceber a consequência de todas essas políticas de violência. Parar de achar que a solução para o absurdo de assaltos - em todos os buracos do país - é caso de polícia. Que a solução para o tráfico de drogas é o exército nas ruas. Que a reabilitação dessas pessoas deve se limitar a lotar o sistema penitenciário. Acabar com o latrocínio (roubo de oportunidades seguido de morte da esperança) que permeia a vida dos dois lados da moeda: a polícia e o ladrão, ambos pobres.
Nossa vista tá embaraçada.
O foco foi desviado.
Tá tudo de cabeça pra baixo.
Ninguém mais consegue sair de casa tranquilo.
Mas, ao mesmo tempo, ficar em casa também tornou-se um crime. Temos que produzir cada vez mais pra atingir um estado esquizofrênico de felicidade. Temos que estar bem-vestidos, magros, formados, "digitalizados" e felizes. Tudo muito rápido. Adaptação dolorosa, hein? Como ser feliz assim? Simples: "é hora de morfar!".
E nessa constante busca de prazer (que deve ser muito rápida, afinal de contas você não quer ser vagabundo...), nos restam pouquíssimas alternativas. Principalmente quando não podemo contar com infra-estrutura pública de qualidade para promoção de Esporte, Lazer e Cultura.
E uma delas é a droga. Substâncias Psicoativas. Psicotrópicos. Picofármacos. Ou seja lá qual for o nome que você queira dar. O importante aqui é a relação que ela passa a ter com você. Prazer imediato, consumo de massa, McTrip. "Experimenta! Experimenta! Experimenta!".
E assim nos acostumamos com a "felicidade".
Tá tudo de cabeça pra baixo.
Inclusive a foto que venceu o concurso.
Nem parece né?