sexta-feira, 2 de março de 2012

Guerra;

Eu tenho a sorte de um amor tranquilo.

Tenho me sentido estranho. Ouço palavras em lágrimas. Lágrimas de muitos, muitos estranhamente familiares. E faz-se muito estranho tatear suas dores com tanta estranheza. Tanta distância, tanta coisa não-minha.

Vivem de amores não-amados. Feridas abertas, pulsos cerrados. Cansados do gosto amargo da vida, embriagam a garganta em ritmo de chuva. São corpos famintos. Corpos atravessados, penetrados pelo desamor. Corpos cansados de tanto lutar. Mãos estampadas com o sangue despejado na batalha canibal que tornou-se o amor. Amar - não sei dizer bem desde quando - é uma guerra.

E que guerra fria. Repleta de metas, objetivos. Jogos, estratégias, planejamentos e metodologias. Mentes fragmentadas em tiras. Mentiras. Ironicamente, diz-se que vence aquele capaz de disfarçar seus sentimentos. "Não declararás! Não te entregarás!", exclama o sargento enrustido.

É estranho ver como isso apresenta-se a mim com tanta estranheza. Este sangue não correrá em minhas mãos. Entregar-me-ei até não dar mais conta.

E essa guerra hollywoodiana que vá se foder.

2 comentários:

Vargas disse...

Ótimo texto. Afeiçoei desde a primeira linha.

quase romantico disse...

é uma guerra porque muita gente não sabe brincar! ótimo texto.