Eram três da manhã.
Deu um arroto de alívio. Aquele arroto que, além dos gases temperados com cerveja quente, expulsa o entalado, o preso, o atravessado e possibilita um respirar confortável, singelo. As barbies que tiveram a oportunidade de presenciar tal catarse gaseificada, não deram o devido valor ao fato. Reprovaram. Reprimiram. Castraram.
Fora um momento lindo.
Sugeriram pudor ao autor, ao artista, ao autista.
Mas como? Como seria possível dizer "não"? Perder a oportunidade de expressar o maior símbolo do insight naquele momento seria um crime. Um tiro no pé. Nunca faria isso, nunca fará isso. Ser justo, eis o lema.
Talvez seja exatamente por isso que não é possível - com facilidade - apaixonar-se pelo uno, único, essencial. Enxergar a loucura do outro. Talvez seja exatamente por isso que as pessoas tentam desesperadamente tornar-se uma variedade da mesma coisa. Uma cópia de uma coisa que não existe. A expressão dos desejos dos outros.
O prazer obtido pelo autor fora e é inexplicável. Tentar traduzir falsificaria o ocorrido. São apenas palavras. São apenas convenções sociais. Detesto-as.