quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Rio;

Cachorro pirento no asfalto quente. Carro som. Rostos pintados com tinta preta e urucú. Faixas ao chão. Sol, calor e sede. Sede de vida. Sede de luta.

Mensagens de guerra em camisas, bandeiras e vozes. Clamam por escuta, por movimento. Vontade de gritar. Acordar quem prefere seguir cego, surdo e mudo. Quem segue morto. Quem segue - em seu silêncio - matando.

Um rio. Um povo. Um índio.

Um sistema. Um investimento. Um absurdo.

Uma vida. Uma cultura. Uma nação.

Uma irregularidade. Uma outra irregularidade. Uma represa de cagada.

Um questionamento: o que é, afinal, desenvolvimento?

O extermínio da diferença improdutiva. Índios, ribeirinhos, loucos, mendigos, drogados, criminosos, homossexuais, putas, pobres, militantes, vagabundos, hippies, artistas, velhos, moleques e tantos outros.

Os que fazem uma escolha que não convém, que não concordam. Os que optam por não servir à desordem. Os que prezam por saúde e bem-estar. Os que são autônomos, independentes. Os que possuem voz. Os que vestem e vivem esta voz.

Eis a ordem: matem! Foda-se! Cambada de filhos da puta! Escutemos só a normalidade, a moralidade.

Uma movimentação. Um bloqueio no trânsito. Um despertar, um peteleco no ouvido da sociedade. Um dedo no cú. Um abraço simbólico no rio.

Nossa voz segue forte. Este rio é rua nossa.

Vamos à luta?

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