sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Brinquedo novo;


Eu me sinto como uma criança. Uma criança empolgada, eufórica.

Sinto como se entrasse correndo na casa da minha vó, exibindo o short do mickey marcado por gotas de urina: marca registrado de moleque que tem pressa de brincar.

Quero mostrar uma novidade! Grito, belisco, chamo a atenção!

Puxo a barra da camisola da vovó. Ela me olha e pergunta:

- O que foi, tchoco-tchoco? - Instiga. Sinto o aconchegante "cheiro-de-vó".

- Meu brinquedo, vó! Olha como ele é legal! - O brilho nos olhos convida o sorriso cheio de espaços.

- Legal mesmo, meu filho!

- Ele é novo. Tá com cheiro de novo. Ó! - Vovó dá uma fungada no objeto. - Quero mostrar ele pra todo mundo! Mostrar o quanto eu tô feliz!

- Quem deu ele pra você, tutuca?

- A vida, vovó. Não paguei barato. Me machuquei muito e até pensei em desistir de brincar. Mas, não desisti. Sinto que vou brincar com ele pra sempre, sabia? Já o tenho há algum tempo, mas seu cheiro de novo insiste em ficar... Não foi fácil achá-lo. Mas mais difícil ainda será perdê-lo!

Vovó parece espantada. Pudera, a vida gosta de enrabar a gente.

Meu sorriso senta a bunda no pátio. E eu não canso de brincar. O cheiro de novo é sempre novo. Inovamos também o cheiro do velho. Eis o exercício de amar.