terça-feira, 8 de novembro de 2011

Estranho;

Já é quase meio-dia. A fome reclama dentro de "Tinta", aquele tatuador reconhecido como o "Futuro da Grafitagem em Pele" pela Rolling Stones do mês passado. O cara é o cara.

Pouco antes de adentrar nos fundos do estúdio para engolir o prato-feito pela mamãe, a campainha toca.

- Diga lá? - Intimada Tinta, meio puto.
- Tá rolando ainda? - Questiona o estranho.
- É, né... Entra. - Muito puto.

O estranho entra. Meio cambaleando, procura pelo sofá. O famigerado sofá. Depósito de muitas histórias.

Estranho tira os óculos escuros e a mochila das costas. Com ele apenas uma calça jeans meio baqueada, o all-star enferrujado e a lembrança da noite de ontem, exalando de sua boca. A pele branca-rosada, a mal-educação e o sotaque arrastado divulgam suas origens. O vômito também: eis o amor por cerveja!

- Porra! Sujou tudo, caralho! - Reclama Tinta, muito, mas muito puto.
- Foi mal, caralho. Tô zoado do estômago! - Defende, juntando com as mãos os restos mortais.
- Tá, deixa essa merda aí, branquelo-do-caralho! Hoje mesmo que não como. Vai querer o quê, brother? - Indaga.
- Foi mal, cara. Foi mal mesmo... Ainda fazes aquela suástica? - Pergunta, envergonhado.
- Faço! Que puta paradoxo. Um sujeito estranho querendo uma suástica. - Ironiza, enquanto abre a janela... - És o sétimo da semana.

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