Acordei em uma poça de vômito. No chão. A face direita transando com a divisória das lajotas frias, duras. Ainda estava embrulhado em minha calça, camisa e tênis. Exatamente como saí daqui, poucas horas atrás. Talvez com um pouco menos de dignidade. Talvez.
Tentava abrir os olhos. Doía. Doía mesmo. Não conseguia. Sentia alguma coisa, alguma coisa realmente nojenta, juntando os meus olhos ao meu rosto. Tratava-se de um misto de lágrimas, remela e vômito. Coisa de primeira qualidade.
Com apenas um puxão consegui entender o porquê as mulheres reclamam de depilação. A frequência desse fazer eu ainda não entendi. Mulheres são complicadas. Acho que isso provoca em mim uma puta sinestesia. Um misto de fascínio, medo, tesão e dúvida. A imprevisibilidade é a única coisa previsível, acredito.
E isso me confunde. Isso me machuca. Isso, na verdade, me apavora.
Isso me faz sair de casa puto. Sem rumo. Com alguns trocados amassados no bolso da bermuda. Da mesma bermuda que ela sempre reclama. Me faz entrar em qualquer barzinho meio-pica e pensar. Engolir cagadas, pensamentos. Com cerveja, claro. Ah, a cerveja... Identifico-me. São mais simples. Tá quente ou tá gelada. É mágica.
Isso me embriaga.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Estranho;
Já é quase meio-dia. A fome reclama dentro de "Tinta", aquele tatuador reconhecido como o "Futuro da Grafitagem em Pele" pela Rolling Stones do mês passado. O cara é o cara.
Pouco antes de adentrar nos fundos do estúdio para engolir o prato-feito pela mamãe, a campainha toca.
- Diga lá? - Intimada Tinta, meio puto.
- Tá rolando ainda? - Questiona o estranho.
- É, né... Entra. - Muito puto.
O estranho entra. Meio cambaleando, procura pelo sofá. O famigerado sofá. Depósito de muitas histórias.
Estranho tira os óculos escuros e a mochila das costas. Com ele apenas uma calça jeans meio baqueada, o all-star enferrujado e a lembrança da noite de ontem, exalando de sua boca. A pele branca-rosada, a mal-educação e o sotaque arrastado divulgam suas origens. O vômito também: eis o amor por cerveja!
- Porra! Sujou tudo, caralho! - Reclama Tinta, muito, mas muito puto.
- Foi mal, caralho. Tô zoado do estômago! - Defende, juntando com as mãos os restos mortais.
- Tá, deixa essa merda aí, branquelo-do-caralho! Hoje mesmo que não como. Vai querer o quê, brother? - Indaga.
- Foi mal, cara. Foi mal mesmo... Ainda fazes aquela suástica? - Pergunta, envergonhado.
- Faço! Que puta paradoxo. Um sujeito estranho querendo uma suástica. - Ironiza, enquanto abre a janela... - És o sétimo da semana.
Pouco antes de adentrar nos fundos do estúdio para engolir o prato-feito pela mamãe, a campainha toca.
- Diga lá? - Intimada Tinta, meio puto.
- Tá rolando ainda? - Questiona o estranho.
- É, né... Entra. - Muito puto.
O estranho entra. Meio cambaleando, procura pelo sofá. O famigerado sofá. Depósito de muitas histórias.
Estranho tira os óculos escuros e a mochila das costas. Com ele apenas uma calça jeans meio baqueada, o all-star enferrujado e a lembrança da noite de ontem, exalando de sua boca. A pele branca-rosada, a mal-educação e o sotaque arrastado divulgam suas origens. O vômito também: eis o amor por cerveja!
- Porra! Sujou tudo, caralho! - Reclama Tinta, muito, mas muito puto.
- Foi mal, caralho. Tô zoado do estômago! - Defende, juntando com as mãos os restos mortais.
- Tá, deixa essa merda aí, branquelo-do-caralho! Hoje mesmo que não como. Vai querer o quê, brother? - Indaga.
- Foi mal, cara. Foi mal mesmo... Ainda fazes aquela suástica? - Pergunta, envergonhado.
- Faço! Que puta paradoxo. Um sujeito estranho querendo uma suástica. - Ironiza, enquanto abre a janela... - És o sétimo da semana.
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