sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Mágica;

Acordei em uma poça de vômito. No chão. A face direita transando com a divisória das lajotas frias, duras. Ainda estava embrulhado em minha calça, camisa e tênis. Exatamente como saí daqui, poucas horas atrás. Talvez com um pouco menos de dignidade. Talvez.

Tentava abrir os olhos. Doía. Doía mesmo. Não conseguia. Sentia alguma coisa, alguma coisa realmente nojenta, juntando os meus olhos ao meu rosto. Tratava-se de um misto de lágrimas, remela e vômito. Coisa de primeira qualidade.

Com apenas um puxão consegui entender o porquê as mulheres reclamam de depilação. A frequência desse fazer eu ainda não entendi. Mulheres são complicadas. Acho que isso provoca em mim uma puta sinestesia. Um misto de fascínio, medo, tesão e dúvida. A imprevisibilidade é a única coisa previsível, acredito.

E isso me confunde. Isso me machuca. Isso, na verdade, me apavora.

Isso me faz sair de casa puto. Sem rumo. Com alguns trocados amassados no bolso da bermuda. Da mesma bermuda que ela sempre reclama. Me faz entrar em qualquer barzinho meio-pica e pensar. Engolir cagadas, pensamentos. Com cerveja, claro. Ah, a cerveja... Identifico-me. São mais simples. Tá quente ou tá gelada. É mágica.

Isso me embriaga.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Estranho;

Já é quase meio-dia. A fome reclama dentro de "Tinta", aquele tatuador reconhecido como o "Futuro da Grafitagem em Pele" pela Rolling Stones do mês passado. O cara é o cara.

Pouco antes de adentrar nos fundos do estúdio para engolir o prato-feito pela mamãe, a campainha toca.

- Diga lá? - Intimada Tinta, meio puto.
- Tá rolando ainda? - Questiona o estranho.
- É, né... Entra. - Muito puto.

O estranho entra. Meio cambaleando, procura pelo sofá. O famigerado sofá. Depósito de muitas histórias.

Estranho tira os óculos escuros e a mochila das costas. Com ele apenas uma calça jeans meio baqueada, o all-star enferrujado e a lembrança da noite de ontem, exalando de sua boca. A pele branca-rosada, a mal-educação e o sotaque arrastado divulgam suas origens. O vômito também: eis o amor por cerveja!

- Porra! Sujou tudo, caralho! - Reclama Tinta, muito, mas muito puto.
- Foi mal, caralho. Tô zoado do estômago! - Defende, juntando com as mãos os restos mortais.
- Tá, deixa essa merda aí, branquelo-do-caralho! Hoje mesmo que não como. Vai querer o quê, brother? - Indaga.
- Foi mal, cara. Foi mal mesmo... Ainda fazes aquela suástica? - Pergunta, envergonhado.
- Faço! Que puta paradoxo. Um sujeito estranho querendo uma suástica. - Ironiza, enquanto abre a janela... - És o sétimo da semana.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Brinquedo novo;


Eu me sinto como uma criança. Uma criança empolgada, eufórica.

Sinto como se entrasse correndo na casa da minha vó, exibindo o short do mickey marcado por gotas de urina: marca registrado de moleque que tem pressa de brincar.

Quero mostrar uma novidade! Grito, belisco, chamo a atenção!

Puxo a barra da camisola da vovó. Ela me olha e pergunta:

- O que foi, tchoco-tchoco? - Instiga. Sinto o aconchegante "cheiro-de-vó".

- Meu brinquedo, vó! Olha como ele é legal! - O brilho nos olhos convida o sorriso cheio de espaços.

- Legal mesmo, meu filho!

- Ele é novo. Tá com cheiro de novo. Ó! - Vovó dá uma fungada no objeto. - Quero mostrar ele pra todo mundo! Mostrar o quanto eu tô feliz!

- Quem deu ele pra você, tutuca?

- A vida, vovó. Não paguei barato. Me machuquei muito e até pensei em desistir de brincar. Mas, não desisti. Sinto que vou brincar com ele pra sempre, sabia? Já o tenho há algum tempo, mas seu cheiro de novo insiste em ficar... Não foi fácil achá-lo. Mas mais difícil ainda será perdê-lo!

Vovó parece espantada. Pudera, a vida gosta de enrabar a gente.

Meu sorriso senta a bunda no pátio. E eu não canso de brincar. O cheiro de novo é sempre novo. Inovamos também o cheiro do velho. Eis o exercício de amar.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Enamorado;

O teu corpo me abraça. Conversa comigo. Sussurra segredos, mistérios e medos. Ouriça os pelos de meu corpo, ao beijar meu pescoço. Arranca pesados suspiros. Palavras fatais. Até mesmo delírios.

Eis o amor personificado.

Eis a paixão, queimando tuas curvas. Eis o gosto inconfundível da tua pele suada, salgada. Convidam: vinde a mim! Faz de mim tua loucura. Teu sonho mais canalha, mais imundo. Mais humano. Mais bonito.

Venha!

O sabor da tua intimidade. O fervor de tuas partes, esperando por mim. O palpitar crescente do teu peito. O pesar da respiração. A sensibilidade ao toque. O morder dos lábios. O apertar da pele. O puxão dos cabelos. As mordidas irresponsáveis, inconsequentes. O travar das pernas. O estalar dos pés. A concentração.

A doce descarga.

O deitar em mim. O ofegar. O flerte com a morte. As tentativas fracassadas de abrir os olhos. O cafuné. O prometer baixinho no pé do ouvido. O bafo quente, familiar e corriqueiro. A eternidade estampada em teu rosto cansado. O deitar abraçado, descansado e pelado.

E, antes de adormecer, o observar de teus lábios, denunciando em pequenos sorrisos, o prazer de se estar enamorado.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Rio;

Cachorro pirento no asfalto quente. Carro som. Rostos pintados com tinta preta e urucú. Faixas ao chão. Sol, calor e sede. Sede de vida. Sede de luta.

Mensagens de guerra em camisas, bandeiras e vozes. Clamam por escuta, por movimento. Vontade de gritar. Acordar quem prefere seguir cego, surdo e mudo. Quem segue morto. Quem segue - em seu silêncio - matando.

Um rio. Um povo. Um índio.

Um sistema. Um investimento. Um absurdo.

Uma vida. Uma cultura. Uma nação.

Uma irregularidade. Uma outra irregularidade. Uma represa de cagada.

Um questionamento: o que é, afinal, desenvolvimento?

O extermínio da diferença improdutiva. Índios, ribeirinhos, loucos, mendigos, drogados, criminosos, homossexuais, putas, pobres, militantes, vagabundos, hippies, artistas, velhos, moleques e tantos outros.

Os que fazem uma escolha que não convém, que não concordam. Os que optam por não servir à desordem. Os que prezam por saúde e bem-estar. Os que são autônomos, independentes. Os que possuem voz. Os que vestem e vivem esta voz.

Eis a ordem: matem! Foda-se! Cambada de filhos da puta! Escutemos só a normalidade, a moralidade.

Uma movimentação. Um bloqueio no trânsito. Um despertar, um peteleco no ouvido da sociedade. Um dedo no cú. Um abraço simbólico no rio.

Nossa voz segue forte. Este rio é rua nossa.

Vamos à luta?

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Diferença;


As pessoas passam foscas, toscas. Distorcidas, hipnotizadas. Apressadas. Passam por mim, em mim.

Não olham: sentem medo.

Nesta terra de ninguém, todo rio é rua minha. Estou em tudo e todos. Discursos, gestos e gritos. Estou oculto, de frente para o público. O invisível que todo mundo vê, mas que ninguém crê.

Eu crio, transformo, inovo. Recheio a vida de cores, amores e dores. Sou cheia de louvores. Transito em espaços esquecidos. Espaços de violência. Sou a diferença.

Mas que diferença faz, se ninguém escuta? Fico puta! Sou espaço e campo de flores! Sou eu e você! E o prazer...

Este sim é só seu!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Vivível;

Ela me olhava, me encarava. Na imensidão daquele olhar havia algo intrigante, inquietante. Algo que atraía. Que marcava o rosto, a pele, o corpo. O cheiro. Tentava disfarçar: sorria, vestia, escondia. Em vão. Deu pra perceber, tava na cara: era dor.

Identifiquei e me identifiquei.

O coração já gritava por descanso. Cansado de descaso. Sedento de calor. Esquecido no quintal, pegando chuva e sol. Desbotado. Porém, não estava só. Dormia chorando sob um manto de medo: amigo inseparável.

Chamei para entrar. Olhava pelas brechas do portão quebrado: o desconhecido. A vontade. O desejo. O medo. A promessa. O quarto escuro. A coragem. O conflito. A briga interna. O desejo. O medo. O desejo. O medo. O desejo. O medo. A coragem. A entrada. O primeiro passo.

A loucura.

A quebra do padrão. A entrega. A reconstrução. A possibilidade de autoconhecimento. A vontade de se entregar. Suicidar-se: investir afeto em outro objeto. Entregar vida. Tirar de si. Ter de volta. O lucro. O retorno. O amor.

O medo.

Eis quem retorna, quem resiste. Quem tenta afastar. Quem quer continuar sobrevivendo, apenas. Quem luta por ser como era: inerte. Zumbi.

A coragem. As lágrimas.

O quarto escuro ganha luz, calor e vida. Mostra-se confortável. Vivível. Aconchegante. Como as gotas de água que respingam na janela num dia de chuva. Um dormir abraçado. Saudável como o cheiro da sinceridade, da saudade.

A coragem. A felicidade. A eternidade.

O pra sempre que nem sempre acaba.

sábado, 12 de março de 2011

Gelo;

- Não acredito que falo contigo. Não, certamente não falo. Não és o mesmo. Há muito que percebo essa parte tua que detesto! Toco em ti e os pêlos de meus braços reclamam de frio, gelado que estás! Teu olhar, tuas palavras... Tudo teu cospe e urina em cima da pequena fagulha de esperança que ainda resta entre nós! Acorda seu idiota!

Ela vomitava. Aquela que decorara o manual de funcionamento de cada fio de pentelho do meu corpo.

– Escuto histórias suicidas. Elas caminham quilômetros até meus ouvidos. Não as procuro. O desespero parece tanto que, inexplicavelmente, me encontram. Machucam-me, espetando meu corpo. Expulsa lágrimas. Lágrimas inúteis, surdo que és! Então, suplico! Pára! Pára! Pára! Escuta, vê e entende! Fala! Tira essa cara de merda do rosto e fala! Grita! Permite que alguém entre e quebre o grito do eco que simboliza tua solidão. Não estás só! Não procure esta merda!

Ela, que parecia derreter pelos olhos, calou. Tentou, em vão, respirar. Não conseguiu sem o auxílio de seus utensílios antiasmáticos. Continuei em silêncio por mais algum tempo. Refletindo e enxugando nossas lágrimas. Quando a coragem finalmente visitou-me, estava pronto pra falar. Engoli a coragem com as palavras dela, que continuou.

- Teus amigos comentam. Preocupam-se contigo! Tua família está em pânico. Pensam em medidas drásticas. Não entendem o porquê de tanto flerte com a loucura! Temem por ti e pelo teu amanhã. Teu futuro! Tudo que lutaste tanto para conquistar. Tira a lixeira da cueca e te levanta! Encara teus medos! Medos idiotas! Fúteis! Infantis! Infantil talvez seja muito pra ti: uma criança consegue entrar em um aeroporto sem esse cagaço todo. Uma criança consegue dar “tchau”! Perdoar e seguir em frente! Uma criança, quando insatisfeita, chora, grita e berra! Faça um bom infante, ao menos!

Doeu. Cada palavra cuspida feria meu rosto. Ela estava implacável, indestrutível. Linda e boa demais para ser verdade. Parara de chorar. Flagrei-me, novamente, petrificado, estagnado e temendo pelo futuro. No entanto, era um medo diferente. Medo de perder o que não sabia ter.

Doce e boba ilusão.

Em seu discurso sadicamente estruturado, faltava algo. Faltava enxergar a mãe da criança que não sabe chorar, falar, escutar e entender. Faltava pesar a conseqüência de seus atos egoístas: a busca do ouro em El dorado. Faltava que entendesse o valor insubstituível de nossa soma e o quanto isso investe afeto. Permite criar e sentir coisas que técnicas e programas não dão conta. Faltava enxugar a água de seu peito. A água que escorria de seus braços. A água que sobrou nos sacos de gelo que, como uma criança tola, brincava por meses, atirando em mim... Falta muito? Pensei, calado.

É, falta muito.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Chorrir;

Me é difícil pensar em algo tão prazeroso quanto botar uma mochila nas costas e ir embora. Encontrar amigos. Amigos novos, velhos amigos. Conviver com estes, amá-los! Abandonar a floresta de concreto, submersa em chorume e violências. Poluição afetiva que há tempos passa despercebida. O frio no calor fervente do asfalto. Postes e muros pichados. Valas entupidas, cuspindo de volta a merda recebida. Um mundo de fios e cores, gritos e dores. A falta de tesão. As pessoas mortas.

Abandoná-la! Esquecê-la! Estranhá-la! Exercício constante.

Invadir o oposto. Molhar o pé em água salgada. Deixar-se ensurdecer pelo vento que traz a areia que fere o rosto. Tomar banho de chuva e queimar a pele no sol. Ver a impossibilidade de enxergar a grandeza do mar. O vai e vem eterno das ondas com a areia. Estes transam!

Observar, nos poucos corpos presentes, a ausência da roupa. A presença da pele, do toque. Dos sorrisos. Perceber a tristeza do sol em abandonar o dia. O dia que me aqueceu.

A amizade. Abraçar e ser abraçado. Sentir o cheiro de um bom amigo, mesmo que este não cheire bem. Beijar o rosto molhado de água do mar. Ouvir o coração palpitar e a respiração pesar. A voz embargar. Eis quem me entorpece, quem me embriaga. Quem me traz os sentimentos à flor da pele. Quem faz-me chorar e sorrir. Chorrir. A convivência. Conviver. Viver com o viver. Viver. Vim ver.

Agora não sei mais como voltar.

Estranhar o caos no retorno. Perceber o que está posto, o que está claro, o que está dado, seu idiota: não pertenço. Isto aqui não é meu. Sinto muito, mas gosto muito da vida para vê-la esvair-se assim. Derretendo em minhas mãos. Escorrendo dos meus olhos.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Medo;

Esse momento que antecede a tomada de iniciativa é angustiante. Sentado aqui, encarando a folha branca digital que clama por algo, deparo-me com a repetição. Minhas atualizações. Meus significados, tatuados no couro. Meus demônios, meus amigos. Meus.

O que retorna? O que regride?

A falta de coragem. O medo de falhar. O medo de crescer, capitão gancho. Neurotizo minhas fezes, meus produtos. Presentes ou perenes? Eis o medo, expulso e retido. O prazer de brincar de criança. A companhia do infantil. O diálogo e os sonhos. A loucura.

Senseless?

O sentido da vida é confuso. A morte é a única incerteza da vida, de vida. A não-vida é um estado constante. Independe de reações químicas, cambada de idiotas. Os seres canibais clamam por mais um pedacinho de carne. Os hipnotizados não acordam. Não escutam. Não reagem. Não.

Reduzir tudo isso à conexões sinápticas é infantil de mais. E muito simples. Banal. É como se, a fim de enxergar a complexidade do universo, usaríamos um microscópio. Olhar para fora. Entrar em contato. Viver, sofrer. Viver, morrer. Deixar sentir e ser sentido. Entregar-se ao erro! Eis a solução. Viver a simples complexidade do amor. O amor. A ciência corre atrás do próprio rabo, como um poodle feliz. Inventa nomes e fórmulas para explicá-lo. Tolinha.

E no outro lado do muro das universidades e dos pedestais de nossos doutores em porra nenhuma, o caos. As relações plastificam-se. O amor é um investimento financeiro. As sinapses representam a possibilidade de compra, de lucro. A ciência justifica o consumo. O silêncio também.

Os loucos, que sábios! Não residem aqui.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Navegar;

Não lembro quando comecei a fugir. Acho que tem um tempo. O barco de mentiras segue para a terra do nunca, sem rumo, sem previsões, sem destino e sem esperança. Eu embarco disfarçado de visitante e espectador. Navego.

Tempestades sinalizam a desordem dos últimos dias. Cego, finjo indiferença. Sigo, rumando ao caos. Sigo, bebendo água salgada que enjôa e urina. Sigo, cego e sujo sem olhar pra trás. Sem parar.

O desastre é inevitável. Afogar-me-ei até quando?

O barco perdeu o rumo ao deparar-se com a falta. Âncoras não existem mais aqui. Pegaram outro barco, menos suicida. Decisão sábia. As velas mudaram de direção. Os ventos rasgam a pele marcada de sol e desnutrição. Os pássaros que cagavam em nossas cabeças não existem mais. Sigo, cego e surdo. Finjo não escutar os gritos da tripulação - que ainda resistem à bordo - clamando, insistindo que neste barco eu estou no comando. As decisões são minhas. A responsabilidade, também.

O barco segue seguindo, lembrando.

Meu porto original era belo. Tinha rainha, cavaleiros e meu castelo. As vezes navegava, mas a maré era mais tranqüila, admito. Acho que sinto que, quando sinto, sinto falta do que era eu, do que era meu. Do que era puro.

Ondas e ondas me atingem. E no frio, só a solidão. E só.
A voz nauseante do silêncio. O brilho nos olhos que a saudade traz.

- O que fazer? - Alguém quebra o silêncio.

- Vá tomar no seu cú. Continue remando. - Insisto.

- Vamos afundar? - Insiste o inconveniente.

- Há muito que afundamos, não percebes? - finalizo.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Cagando em público;

A vontade bateu e me retirei. Sentia aquilo me invadindo, gerando ansiedade. Sentia que não daria conta de segurar e corri. Era maior que eu. Procurei um banheiro e entrei.

Quando a gente entra no banheiro para evacuar dá-se início um processo de fiscalização: é preciso ter certeza que as pessoas não ouvirão os possíveis sons durante o ato. A gente fica com vergonha.

Entrei na cabine e sentei.
Pelo chão procurava sombra de possíveis intrusos nas cabines vizinhas.

Controlava o fluxo para não chamar a atenção.

Foi quando eu percebi o quanto isso é absurdo. Todo mundo faz isso. É natural. Aquele é o lugar para fazer esse tipo de coisa. É uma coisa tão simples, uma conclusão tão lógica. Pra que sentir-se reprimido? Deixar rolar seria tão mais fácil. Tão mais saudável. Sofreríamos menos. A dor seria menor. Seria mais justo, diria.

Fiquei sentado esperando passar. Demorou.

Demorou pra perceber que não eram fezes, eram lágrimas.